Projeto Xamando Amor
Cultura, Ancestralidade e Pertencimento
Cultura, Ancestralidade e Pertencimento
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Xamando Amor é um projeto que nasce do entrelaçar da arte, da espiritualidade, da educação e do compromisso com a diversidade e inclusão. Realizado em Araxá-MG, com apoio da Lei Paulo Gustavo, da Fundação Cultural Calmon Barreto e da Prefeitura Municipal de Araxá, o projeto propõe ações afirmativas que iluminam, fortalecem e celebram as Culturas Tradicionais de Matrizes Indígena e Afro-brasileira.
Mais do que um festival, Xamando Amor é um chamado: ao autoconhecimento, ao resgate identitário, à consciência expandida e à valorização das raízes que sustentam nossa história. Por meio de rodas culturais, vivências, cursos práticos, apresentações artísticas e conteúdos educativos, o projeto promove o diálogo entre saberes populares, espiritualidade ancestral e práticas de cura.
Entre os pilares das ações estão: Rodas de conversa e vivências xamânicas, encontros de Saberes Ancestrais, com oficinas de música, dança, ervas medicinais, uso de instrumentos de poder e ritos de cura, conteúdos informativos voltados à diversidade e inclusão, com foco em desmistificar e ressignificar os elementos espirituais das culturas afro-brasileiras, produção de vídeos, site e canal no YouTube, para registrar e disponibilizar gratuitamente todo o percurso do projeto, com materiais acessíveis e linguagem acolhedora para todos os públicos.
O projeto também se volta para a memória viva da cidade de Araxá, apresentando sua história sob a ótica indígena, destacando bens imateriais como saberes tradicionais, práticas populares, cantos, rezas, danças e a conexão espiritual com as águas termais da Estância Hidromineral do Barreiro (Termas de Araxá) — uma fonte ancestral de cura e espiritualidade.
Xamando Amor é um espaço-tempo de reencontro com o sagrado, com o corpo, com os povos e com a terra. Um território simbólico de cura coletiva, pertencimento e amor — onde o tambor pulsa, a palavra ensina e os saberes ancestrais ganham vida.
Ações do Projeto
O projeto Xamando Amor teve início no Dia Internacional da Mulher, com uma vivência especial dedicada à força feminina, à sabedoria ancestral e à reconexão espiritual. Intitulada Imersão Xamânica Online, a atividade marcou o primeiro encontro do projeto e foi conduzida por Gabriela Ferreira, que guiou os participantes em um mergulho profundo na energia do sagrado feminino. A noite foi permeada por músicas-medicinas, cânticos de cura e o som envolvente da flauta NAF, tocada por Richard, além das vibrações do tambor xamânico que acompanham Gabriela em suas conduções espirituais. A experiência proporcionou momentos de introspecção, conexão com a ancestralidade e celebração da mulher em suas múltiplas dimensões: espiritual, emocional, cultural e ancestral. Com linguagem acolhedora e acessibilidade em Libras, a imersão alcançou mulheres e homens de diferentes territórios, celebrando as que vieram antes e abrindo caminhos para as que virão. A vivência integrou saberes do xamanismo, da musicalidade ancestral e dos movimentos holísticos, fortalecendo o propósito do projeto de ser um espaço de cura, pertencimento e valorização das culturas afroameríndias.
No dia 15 de junho de 2024, às 9h da manhã, o Calçadão da Rua Olegário Maciel, no centro de Araxá (em frente ao antigo cinema), foi tomado pela força, beleza e ancestralidade da 1ª Marcha de Axé, realizada como contrapartida cultural do projeto Xamando Amor, financiado pela Lei Paulo Gustavo, com apoio da Fundação Cultural Calmon Barreto e da Prefeitura Municipal de Araxá.
A marcha reuniu representantes das Culturas de Matrizes Africanas, da Capoeira e do Hip-Hop, em um ato simbólico de ocupação do espaço público e valorização da diversidade cultural e religiosa afro-brasileira.
Durante o encontro, foram realizadas ações afirmativas por meio de cantos tradicionais (pontos cantados de terreiro), danças afro, e representações simbólicas de Orixás e entidades espirituais, que emocionaram o público e fortaleceram a identidade dos povos de axé.
Entre os destaques, a Batalha de Conhecimento, conduzida pelo coletivo Batalha Araxá, levou ao palco do calçadão a força da palavra rimada, reunindo juventudes periféricas para compartilhar saberes, denunciar desigualdades e celebrar a cultura urbana como ferramenta de transformação.
A 1ª Marcha de Axé foi mais que um evento: foi um grito de resistência, um chamado de pertencimento e um tributo à ancestralidade viva que pulsa nas ruas, nos tambores e nas vozes que ecoam por respeito, liberdade religiosa, equidade racial e amor à cultura.
No dia 10 de agosto de 2024, às 14h, o Festival Egbe Orun promoveu uma profunda experiência de ancestralidade e espiritualidade na cidade de Araxá, no Ilé Ọládékojú (Rua Maria Benedita de Oliveira, 385 – José Ferreira Guimarães, Mangueira II). O evento, realizado como parte das contrapartidas culturais do projeto Xamando Amor, foi conduzido pela Sacerdotisa Iyá Osunlade Fadunké e pelo Sacerdote uruguaio Akogun Ifasolá. Com um formato híbrido inovador, o Festival combinou um workshop transmitido ao vivo via Zoom, acessível em Libras, onde os participantes online puderam aprofundar seus conhecimentos sobre os ensinamentos espirituais do Egbe Orun, com uma prática ancestral coletiva realizada exclusivamente de forma presencial, possibilitando aos presentes uma vivência direta e intensa das cerimônias que fortalecem a conexão com as raízes ancestrais. Essa união entre o virtual e o presencial garantiu ampla acessibilidade e a manutenção do vínculo sagrado com as tradições, promovendo a disseminação do saber ancestral e o fortalecimento das práticas espirituais afro-brasileiras na região.
No dia 18 de novembro de 2024, às 19h, na Escola Estadual Armando Santos, foi realizada a Oficina de Cultura Africana, Indígena e Araxaense, que também contou com transmissão ao vivo pela plataforma Google Meet, possibilitando a participação de educadores, artistas e membros da comunidade em um rico intercâmbio cultural híbrido. O evento contou com a presença do Cacique Karkará Uru, da educadora e artista Mirthes Mirian e do Projeto Arachás, promovendo uma potente valorização das tradições indígenas, afro-brasileiras e araxaenses por meio da arte-educação, conscientização e música. Durante a oficina, crianças e adolescentes da escola foram convidados a vivenciar e refletir sobre as culturas Indígena, Afro-Brasileira e Araxaense de forma sensível e transformadora, ampliando seus repertórios culturais e reforçando o respeito à diversidade e às identidades que formam nossa história. Uma exposição de livros de autores negros foi montada, permitindo contato direto com obras que celebram ancestralidade, resistência e literatura afro-brasileira. Destacaram-se os livros da escritora araxaense Mirthes Mirian, cuja escrita expressa a força e a vivência da cultura local, despertando orgulho e pertencimento nos jovens leitores. Além da literatura, a oficina proporcionou uma imersão na musicalidade e simbologia dos povos originários. Os participantes exploraram instrumentos tradicionais indígenas — como flautas de bambu, tambores artesanais, maracás e reco-recos — vivenciando os sons e os significados espirituais e culturais por trás deles, despertando respeito e curiosidade pela sabedoria ancestral. Um dos momentos mais marcantes foi a fala do pajé Karkará Uru, representante dos Povos Originários Catu-Awa Arachás. Com sabedoria, ele compartilhou saberes sobre a ligação entre cultura, tradição e espiritualidade, reforçando a importância da preservação dos territórios, dos rituais sagrados e da identidade dos povos originários. Sua presença conectou passado, presente e futuro, resgatando memórias e plantando sementes de consciência nas novas gerações. Ao final, cada participante levou consigo não apenas conhecimento, mas também um sentimento de respeito, pertencimento e responsabilidade pela valorização das múltiplas culturas que nos formam.
A Oficina de Tecnologia Ancestral, conduzida por Juliano Raça, proporcionou aos participantes um mergulho profundo nos saberes tradicionais que envolvem ervas, curas e medicinas naturais. A atividade também incluiu uma vivência de consciência corporal, com momentos de meditação guiada e dança ao ritmo do tambor, conectando os participantes aos quatro elementos da natureza — terra, fogo, água e ar. Essa experiência transformadora uniu aprendizado prático e conexão espiritual, valorizando e fortalecendo a herança afro-brasileira em diálogo com o presente.
No Centro de Referência da Cultura Negra, foi realizado um enriquecedor bate-papo que reuniu lideranças culturais de grande relevância para discutir e valorizar a cultura afro-brasileira. O encontro contou com a presença do Babalorixá Diesley Ti Oxumare e de Húngbónò Rodrigo de Odé, que compartilharam suas vivências e saberes, promovendo um diálogo profundo sobre identidade, ancestralidade e resistência cultural. A atividade fortaleceu a conexão da comunidade com suas raízes, ressaltando a importância da preservação e celebração das tradições afro-brasileiras.
No encerramento da noite de 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra, o Centro de Referência da Cultura Negra se encheu de luz e energia com a condução de uma vibrante roda de axé, liderada pelo Babalorixá Diesley Ty Oxumarê. Ao lado de seus Ogans e Filhos de Santo, ele abriu os caminhos para uma celebração marcada pela ancestralidade, pelo sagrado e pela força das tradições afro-brasileiras.
A roda foi composta por um repertório de cantigas tradicionais da Umbanda, saudando a força espiritual de entidades como os guardiões, pretos velhos, caboclos, boiadeiros e tantos outros guias que compõem o panteão da fé e da resistência negra no Brasil. Cada toque de tambor e cada canto entoado foram como flechas de axé lançadas ao universo, unindo o céu e a terra em um só compasso.
No dia 19 de novembro de 2024, às 17h, no Centro de Referência da Cultura Negra, foi realizada a roda de capoeira Canto que Conta, conduzida pelo Mestre Petróleo. A atividade teve como propósito exaltar a força e a ancestralidade dessa arte genuinamente brasileira.
Durante a roda, foram destacados valores essenciais da capoeira, como resistência, tradição e coletividade, proporcionando ao público uma vivência cultural rica, interativa e profundamente conectada com a herança afro-brasileira. O evento reforçou o papel da capoeira como patrimônio imaterial e símbolo de luta, identidade e pertencimento do povo negro no Brasil.
No dia 19 de novembro de 2024, às 20h, no Centro de Referência da Cultura Negra, foi realizada a Apresentação de Dança Afro Contemporânea, conduzida por Juliano Raça. A atividade integrou a programação do Festival Afro Raízes através do projeto Xamando Amor. A performance trouxe ao público uma expressão potente da cultura afro-brasileira, unindo movimentos contemporâneos e tradições ancestrais. Por meio da dança, Juliano Raça proporcionou uma experiência sensorial de profunda conexão com as raízes culturais africanas e afro-brasileiras. A apresentação exaltou a força, a resistência e a beleza da corporeidade negra, refletindo saberes, histórias e vivências que atravessam gerações.
Em uma noite marcada pela força dos ancestrais e pela presença viva do sagrado, foi realizada a encantadora Roda de Axé, conduzida pelo Húngbónò Rodrigo de Odé e seus Ogans, no espaço do VodunXwé Dokun Lánhuntó. A roda foi mais que uma apresentação: foi um rito de celebração, um portal de encantamento onde as cantigas tradicionais africanas e afro-brasileiras ecoaram como orações cantadas, atravessando o tempo e despertando memórias ancestrais.
Ali, cada voz, cada atabaque, cada corpo presente vibrava no compasso do axé, tecendo um elo invisível entre o chão da terra e o céu dos orixás e voduns. A atmosfera se encheu de energia e espiritualidade, proporcionando uma vivência profunda, de pertencimento e reverência às raízes sagradas da cultura de matriz africana.
Essa ação integrou a programação do projeto Xamando Amor, reafirmando o poder da arte como veículo de cura, memória e resistência, e transformando o espaço comum em um terreiro simbólico de celebração e conexão com o divino.
Durante as festividades do Dia da Consciência Negra, a força da ancestralidade também se manifestou através dos sabores sagrados. O VodunXwé Dokun Lanhuntó marcou presença com uma deliciosa oferta cultural e espiritual: acarajés preparados com zelo, tradição e muito axé por Hùngbónò Rodrigo de Odé e Ekédi Natasha. Mais do que alimento, os acarajés representaram a memória viva de Iansã, o sustento ancestral que atravessa o tempo e conecta os saberes do candomblé à coletividade. Cada bolinho, preparado com fé e afeto, carregava o tempero dos orís e o calor das cozinhas de terreiro, nutrindo corpos e almas com dignidade, resistência e celebração. Essa ação reforçou o valor da Economia de Axé, fortalecendo a cultura afro-brasileira por meio do empreendedorismo e da partilha comunitária.
No dia 22 de novembro de 2024, a ancestralidade ganhou voz e gesto com a realização da Oficina de Cantos Tradicionais em Libras, conduzida por Marcelo Guti. Em uma experiência sensível e profundamente transformadora, a atividade promoveu o diálogo entre espiritualidade afro-brasileira e acessibilidade, celebrando o poder do Axé Acessível. Transmitido ao vivo pelo Instagram, o encontro reuniu as vibrações dos pontos cantados com a beleza visual da Língua Brasileira de Sinais, conectando os mundos da oralidade e da sinalização, da escuta e da visão, do corpo e do espírito. A oficina foi um verdadeiro elo entre o sagrado e o inclusivo, reafirmando que toda forma de expressão tem lugar no culto, na roda, no xirê e na memória.
Marcelo Guti conduziu o momento com maestria e sensibilidade, trazendo à tona o debate sobre acessibilidade cultural e a presença da comunidade surda nas manifestações de fé e tradição. Ao lado de artistas e comunicadores como @eumarceloguti, @euwillpablo e o projeto @xamandoamor, o evento reafirmou que o axé pulsa em todos os corpos, vozes e sinais.
De 19 a 24 de novembro de 2024, o projeto Xamando Amor, durante o Festival Afro Raízes, promoveu uma intensa programação cultural, educativa e de diálogo em Araxá, em homenagem ao Dia da Consciência Negra. Foi realizada uma programação especial que contou com oficinas, rodas de conversa e apresentações artísticas que incluíram dança afro, rap, capoeira e samba — manifestações que exaltaram a ancestralidade e a representatividade da comunidade negra. O festival ofereceu atividades gratuitas em diversos pontos da cidade, unindo arte, aprendizado e conexão comunitária, fortalecendo o protagonismo negro e valorizando seus saberes e expressões culturais. Além das ações custeadas pelo projeto Xamando Amor, o evento integrou uma série de atividades realizadas em parceria com a Fundação Cultural Calmon Barreto de Araxá, a Secretaria de Educação, a Secretaria de Ação e Promoção Social, a Prefeitura Municipal de Araxá, a Escola Estadual Professor Luís Antônio Corrêa de Oliveira e diversos membros da sociedade civil que atuaram voluntariamente, compondo um verdadeiro Colab Cultural em prol da Cultura Negra na cidade.
Roda de Samba - Quintal "O Samba é Nosso"